De vez em quando, organizações criminosas no Brasil se reinventam na tentativa de enganar as forças de segurança, e aqui não é diferente. Depois que a polícia concentrou sua atuação no combate à extorsão contra comerciantes em Salvador, o Comando Vermelho (CV), pioneiro nesse método, utilizou uma nova alternativa para escapar do cerco. Com depósitos e transferências bancárias rastreados, a facção agora usa pares de motociclistas para coletar “impostos de segurança”.
“Eles começaram a sofrer prejuízos depois das prisões, depois que as acusações se tornaram públicas. Durante a operação, alguns deles (traficantes) morreram. Então eles mudaram de tática”, disse um morador local. Em setembro de 2020, o CORREIO denunciou com exclusividade o sistema CV no Lobato, que na época exigia que os comerciantes depositassem ou transferissem até R$ 100 por semana para evitar serem mortos. “Hoje as taxas estão entre R$ 100 e R$ 200”, acrescentou a fonte.
A chantagem foi feita em 2019, quando o Comando de Paz (CP) ainda não estava integrado ao CV – apenas seguia as decisões da facção carioca. Na época, traficantes de drogas executaram Robson dos Santos Batista, 35 anos, e seu sobrinho, Osmar Gonçalves Batista Neto, 29 anos, no ferro-velho da família. Este crime foi um castigo e uma mensagem aos outros comerciantes para não aceitarem extorsão. Após essas mortes, entre 2019 e 2020, pelo menos dez sucatas foram fechadas na Avenida Suburbana, no bairro.
“E o medo ainda está lá. Os motociclistas sempre vêm às sextas-feiras, no final da tarde, para arrecadar dinheiro. Eles não precisam dizer nada. Pararam na porta e as pessoas entregaram dinheiro como se fosse algo natural. Eles não mostram as armas porque todos estão cientes da ameaça, mas se for necessário o farão”, afirmou.
Segundo outro morador, o local onde mais ocorrem extorsões é no município de Jardim Lobato, em frente ao antigo posto Ipiranga e próximo aos pontos de ônibus, motos e táxis da Avenida Suburbana. “Todos os comerciantes, grandes ou pequenos, têm que pagar. Um cara que tinha pet shop saiu esse ano, achou que era a solução e abriu uma loja perto do Viaduto Lobato. Nada! Dois comandos de motocicleta chegaram lá e não apenas o atacaram, mas também ameaçaram matá-lo e à sua família se ele se mudasse novamente. Foi quando o proprietário abandonou o projeto”, disse ele.
Durante uma das acusações, CV piorou. “Faz menos de um mês desde que atacaram um comerciante novato. Primeiro eles enviaram uma mensagem de texto dizendo que iriam buscar o dinheiro. Os motociclistas nem desceram das motos e foram atingidos pelos tiros. O proprietário é um policial. Aqui, de vez em quando, as pessoas transferem dinheiro para um comerciante da sua aliança, que produz o CV Pix”, contou uma dona de casa que mora no local há mais de 20 anos.
Mulheres
Para evitar outra surpresa, a facção teve o cuidado de substituir cobradores sobre duas rodas por mulheres na Avenida Vasco da Gama, onde começaram as extorsões nos primeiros 15 dias do ano. “Sempre jovens e ligadas aos traficantes, muitas vezes são amigas, irmãs ou “rifeiras” que já sabem para onde ir e não estão armadas. Se o dinheiro não chegar, basta avisar quem tem direito a receber o dinheiro e serão tomadas medidas”, disse um comerciante da zona.
No dia 23 de fevereiro, Silvana Monteiro Silva foi presa no Vasco da Gama sob suspeita de extorquir dinheiro de comerciantes. Ela carregava R$ 800 quando foi surpreendida por policiais militares da 41ª Companhia Independente (Federação), que responderam a uma denúncia anônima. Segundo a polícia, ela confessou o crime e foi encaminhada ao Departamento de Investigações especializado na repressão ao tráfico de drogas (Denarc). A Polícia Civil disse que o suspeito foi liberado após interrogatório, “pois o ato não teve implicações criminais”.
Para evitar outra surpresa, a facção teve o cuidado de substituir cobradores sobre duas rodas por mulheres na Avenida Vasco da Gama, onde começaram as extorsões nos primeiros 15 dias do ano. “Sempre jovens e ligadas aos traficantes, muitas vezes são amigas, irmãs ou “rifeiras” que já sabem para onde ir e não estão armadas. Se o dinheiro não chegar, basta avisar quem tem direito a receber o dinheiro e serão tomadas medidas”, disse um comerciante da zona.
No dia 23 de fevereiro, Silvana Monteiro Silva foi presa no Vasco da Gama sob suspeita de extorquir dinheiro de comerciantes. Ela carregava R$ 800 quando foi surpreendida por policiais militares da 41ª Companhia Independente (Federação), que responderam a uma denúncia anônima. Segundo a polícia, ela confessou o crime e foi encaminhada ao Departamento de Investigações especializado na repressão ao tráfico de drogas (Denarc). A Polícia Civil disse que o suspeito foi liberado após interrogatório, “pois o ato não teve implicações criminais”.
A extorsão não é exclusiva de Lobato. Engenho Velho e Tancredo Neves, da Liga, tiveram problemas semelhantes. Por exemplo, no caso Cosme de Farias, o dono de uma loja de gás foi executado por não pagar uma taxa de R$ 7 mil. Morte e ferimentos
Segundo o Instituto Fogo Cruzado (IFC), cinco pessoas morreram e outras duas ficaram feridas nos confrontos deste ano em Lobato. Moradores relataram que durante muitos anos a área foi dominada pelo Bonde do Maluco (BDM). Porém, a partir de 2019, o BDM começou a dar lugar ao CV. No dia 15 deste mês, traficantes de drogas invadiram casas e executaram dois jovens na Rua Voluntários da Pátria, área controlada pelo BDM. Na terça-feira, uma mulher foi morta a tiros na Rua Algaroba por Jones. No dia 30 de janeiro, um jovem em Boa Vista de São Caetano bateu a cabeça. E no dia 17 do mesmo mês, o corpo de um homem foi crivado de balas.
Além do derramamento de sangue, a guerra entre os traficantes de drogas está deixando as pessoas que vivem na zona de incêndio em pânico. No dia 24, uma mulher foi baleada enquanto caminhava para casa. Ela tinha acabado de sair da igreja e voltava para casa quando foi esbarrada na Rua João Deus. Segundo testemunhas, nessa altura eclodiu uma briga entre CV e BDM. A vítima foi resgatada pela polícia.
E ainda imerso na onda de violência, Lobato enfrenta outra tensão: traficantes de drogas da localidade “Pedreiras” e os de “Gueto”, filial da CV, ameaçam explodir o CIPM pela 16ª vez – o motivo seria o Ações do Primeiro Ministro nas proximidades. Recentemente adquiriram o "Fundão do Lobato", também conhecido como "Prainha do Lobato", anteriormente controlado pelo BDM.
Posicionamentos
De 2 a 5 deste mês, o CORREIO entrou em contato com a Secretaria de Segurança Pública (SSPBA), a Polícia Civil da Bahia (PCBA) e a Polícia Militar (PMBA), por meio de seus e-mails de contato, mas sem sucesso. Nenhum retorno até o fechamento tempo. . desta edição.
De 2 a 5 deste mês, o CORREIO entrou em contato com a Secretaria de Segurança Pública (SSPBA), a Polícia Civil da Bahia (PCBA) e a Polícia Militar (PMBA), por meio de seus e-mails de contato, mas sem sucesso. Nenhum retorno até o fechamento tempo. . desta edição.